domingo, 20 de outubro de 2013

O PORTFÓLIO NA ESCOLA INCLUSIVA

O PORTFÓLIO E SUA IMPORTÂNCIA NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO DO ALUNO COM NEE-(NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS ) NO AEE  (ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO)


A inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais inseridos no ensino regular, atualmente tem sido um motivo de muitas discussões , questionamentos e reflexões acerca da prática do educador na sala de aula. O que exige que a escola se organize com o objetivo de   oferecer possibilidades múltiplas de aprendizagem. Uma escola que dê conta da diversidade de alunos  e que garanta o acesso e a permanência  dos mesmos na escola como preconiza a LDBN e outros documentos oficiais da educação do ensino regular e da educação inclusiva.
O eixo  norteador da escola Inclusivista  é desenvolver um trabalho na perspectiva sociointeracionista cujas  crianças e jovens  se interajam com o objeto do conhecimento e  com seus pares etários. É uma pedagogia mais progressista capaz de educar a todas, sem discriminação, respeitando suas diferenças e as especificidades de cada aluno na sala de aula.
Subsidiando-se em Vygotsky (1987), sua teoria de fornece subsídios para uma  postura pedagógica que discuta a segregação como uma via para a consolidação da  deficiência, uma vez que o mundo estreito e fechado, criado na escola especial, não  promove as interações necessárias à apropriação de conhecimentos.
 Desta forma, fica evidente que os alunos que apresentam deficiências, quando inclusos no processo de escolarização no ensino regular, têm mais oportunidades de desenvolvimento, devido à ampliação das oportunidades de socialização e interação. Neste caso, rever o processo avaliativo do novo perfil de alunos que adentram nas escolas é de suma relevância para que os mesmos se sintam interessados no ato de aprender a aprender. 

O FATO É QUE É PRECISO AVALIAR OS ALUNOS COM NEE.
COMO AVALIAR?
Perrenoud (2001), afirma que a avaliação tradicional, além de produzir  fracasso, empobrece o processo de ensino-aprendizagem, induzindo os professores a utilizarem didáticas conservadoras.
Nessa pespectiva , Hoffmann (1998) ressalta também que a avaliação, quando praticada  como uma função classificatória e burocrática revela um princípio de descontinuidade e de fragmentação do conhecimento.
Desta forma, o professor executa apenas uma imposição burocrática e o aluno sofre com as conseqüências desse processo avaliativo.
Analisando a afirmação do teórico acima , percebe-se que , não tem como avaliar mais para classificar alunos, para compará-los entre si ou em relação a uma norma genérica, mas  se AVALIA para orientar o aluno e para guiar o processo educativo.
Neste caso a avaliação categorizada  como formativa é uma ferramenta que possilbilita perceber quais caminhos o aluno deve trilhar e os obstáculos a enfrentar e a vencer.a autoavaliação é uma aliada à avaliação formativa.
E assim,um dos instrumentos que são muito importantes para avaliar o aluno com NEE tanto no AEE como na sala de aula comum é o Portfólio.
O PORTFÓLIO COMO ALTERNATIVA DE AVALIAÇÃO
Portfólio,  é uma coleção dos trabalhos realizados pelo aluno, que permite acompanhar o seu desenvolvimento. Permite ainda analisar, avaliar, executar e apresentar produções  resultantes das atividades desenvolvidas num determinado do período sendo que todas as atividades são orientadas pelo professor com intervenções  psicopedagógicas  para que o próprio aluno perceba seu erro sem frustrações.

Um Portfólio tem como maior objetivo ajudar o ALUNO a desenvolver a habilidade de avaliar seu próprio trabalho. No caso dos alunos com deficiências, os portfólios podem facilitar a tomada de decisão sobre quais os recursos de acessibilidade que deverão ser oferecidos e qual o grau de sucesso que está sendo obtido com o seu uso. Eles permitem que tomemos conhecimento não só das dificuldades, mas também das habilidades dos alunos, para que, através dos recursos necessários, estas habilidades sejam ampliadas.

A prática do portfólio permite, também, que os professores das classes comuns possam contar com o auxílio do professor do atendimento educacional especializado, no caso dos alunos que freqüentam esta modalidade, no esclarecimento de dúvidas que possam surgir a respeito da produção dos alunos.


“A prática avaliativa deve ser capaz de ir além de avaliar a aprendizagem, mas  entender o valor individual de cada aluno, propiciando o seu crescimento como indivíduo e como integrante de uma sociedade. E que acima de tudo, seja uma avaliação envolvida com uma prática pedagógica real, inovadora, não excludente e muito amorosa”. (Luckesi, 1987)


O aluno orientado pelo professor arquiva e apresenta as evidências das habilidades, atitudes e conhecimentos definidos durante um tempo, o que contribui para que o mesmo perceba seus erros e os corrija ampliando seus conhecimentos.
Em termos práticos, a montagem de um Portfólio pode ser decomposto em passos ou etapas uma após a outras ou combinadas entre si (Shores e Grace, 2001):
1. Estabelecer uma política para Portfólio
2. Coletar amostra do trabalho
3. Fotografar
4. Entrevistar
5. Consultar os seus planos
6. Realizar registros sistemáticos
7. Preparar relatórios
8. Realizar registros
9. Conduzir reuniões para análise
10. Usar Portfólios em situações de transição (Processofólios)
São vários os instrumentos que  podem ser utilizados, com sucesso, para avaliar os alunos, permitindo um acompanhamento do seu percurso escolar e a evolução de suas competências e de seus conhecimentos. Um dos recursos que poderá auxiliar o professor a organizar a produção dos seus alunos e por isso avaliar com eficiência é utilizar um portfólio.
 Esta maneira de avaliar permite que o professor acompanhe o processo de aprendizagem de seus alunos e descubra que cada aluno tem o seu método próprio de construir conhecimentos, o que torna absurdo um método de ensinar único e uma prova como recurso para avaliar como se houvesse homogeneidade de aprendizagem.
                                            
                                                 Foto com   Márcia Ambrósio- (II Congresso Magista)
 Márcia afirma que usar o portfólio como estratégia para desvelar o aprendido  assim como  a necessidade de alterar o paradigma da racionalidade técnica tão incorporado às cenas das aulas acadêmicas. No contraponto, possibilita usar o saber-fazer para modificar a relação pedagógica, avançando para uma prática avaliativa mais participativa  e convergentes com os ideais humanistas da formação.  

Conforme cita Teixeira e Nunes (2010), muitas são as polêmicas a respeito da inclusão de alunos especiais em classes regulares, pois consideram que estas pessoas não deveriam estar presentes nestes espaços, acreditam que o ambiente mais adequado para estes era os locais segregadores, onde as pessoas não interagiam com outros indivíduos considerados normais, tendo em vista que há muitos anos a educação acontece de forma normatizadora e classificatória. 
Analisando a ótica dos autores atualmente a escola regular precisa reorganizar seus espaços físicos e toda a  sua estrutura pedagógica para receber os alunos com NEE. O que subentende-se que as escolas   regulares e particulares  busquem  mecanismos e políticas de acessibilidade, adaptação curricular associados de tecnologia assistiva ou alternativa para atender o aluno tornando sua aprendizagem significativa para ele com uma dose de afetividade, empatia  e profissionalismo.
                                    (Texto de Elaine de Almeida Eleutério 20-10-2013)
                                     
                                     Foto de Elaine Eleutério do II Congresso Magistra.
Bibliografia:
BRASIL, MEC/SEESP. Política Nacional de Educação Especial. Brasília. 1994.
BRASIL, MEC/SEESP O Acesso de Alunos com Deficiência às Escolas e Classes Comuns da
Rede Regular / Ministério Público Federal: Fundação Procurador Pedro Jorge de Melo e Silva
(organizadores) / 2ª ed. rev. e atualiz. . Brasília: Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão,
2004.
GOFFMAN. E. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de Janeiro:
Guanabara, 1988
SASSAKI, R. K. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 1997
TEIXEIRA, Josele; NUNES, Liliane. Avaliação inclusiva: a diversidade reconhecida e valorizada.
Rio de Janeiro: Wak, 2010.
SHORES,E.; GRACE,C. Manual de portfólio: um guia passo a passo para o professor.Porto Alegre: Artmed,2001