domingo, 9 de fevereiro de 2014

O paradigma da inclusão



O paradigma do sistema da inclusão social e educacional no Brasil.
                                                              
Atualmente estamos vivendo o cerne da inclusão social e da educação inclusiva, ou seja, mesmo de forma um pouco paulatina. Algumas ações sobre as políticas públicas, educacionais e sociais estão sendo efetivadas, entretanto, muitos profissionais tanto da educação, da saúde e assistência social ainda insistem em mascarar uma situação que não dá mais esconder.
Pela ótica da inclusão em conformidade com as leis que a regem, os deficientes ainda sofrem muitos obstáculos ao percorrer os caminhos que precisam trilhar na busca incessante dos seus direitos que na maioria das vezes são transgredidos.
Durante a história da humanidade as pessoas com algum tipo de deficiência estiveram presentes nas mais diversas épocas, embora silenciadas. Foi por vontade de se fazer presente, ou tornar-se visível para o conjunto da sociedade que algumas lutas foram sendo travadas em prol dos sujeitos com necessidades especiais.
As sociedades antepassadas não aceitavam a deficiência, provocando uma exclusão das pessoas que apresentavam qualquer tipo de deficiência. As famílias chegavam mesmo a escondê-las da convivência com outros, isolando-as do mundo.

Na atualidade muitos documentos oficias que norteiam a inclusão social e a educação inclus iva, no meu entendimento pressupõe de  documentos internacionais na luta contra a desigualdade no país. A Constituição Federal  de 1988  teve a sua relevância no início de velho paradigma de exclusão social.

Mas vale destacar, a Convenção da Guatemala (1999), promulgada no Brasil pelo Decreto nº 3.956/2001 reafirmando que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que as demais pessoas, definindo como discriminação com base na deficiência toda diferenciação ou exclusão que possa impedir ou anular o exercício dos direitos humanos e de suas liberdades fundamentais.

É sempre bom ressaltar também que a Declaração de Sala manca (1994) como no meu entendimento o marco inicial para continuar o percurso da caminhada para a Educação Inclusiva. O discurso e silêncio na história dos indivíduos com deficiência ainda incomoda muitos estudiosos, gestores e professores que trabalham com a inclusão nas escolas públicas brasileiras.

Diante do exposto, no Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional destaca a importância de promover-se a inclusão escolar e os sistemas educacionais (federais, estaduais, municipais e privados) têm registrado um crescimento de matrículas em classes inclusivas de alunos com necessidades especiais.  
Contudo, equivocadamente, tem-se compreendido por alunos com necessidades especiais, apenas alunos que possuem algum tipo de “deficiência”, e que são atendidos pelo sistema de educação especial, quando a inclusão educacional implica no reconhecimento e atendimento às diferenças de qualquer aluno, quer seja por causas permanentes ou temporárias, orgânicas ou emocionais. O que engloba não apenas alunos com deficiências físicas, motoras ou sensoriais, mas também alunos com dificuldades de aprendizagem e superdotados, entre outros. A terminologia necessidades educacionais especiais pode, portanto ser atribuída a diferentes grupos de educados.

O fato é que Lei é Lei e precisa ser cumprida. Em virtude disso, percebe-se avanços significativos com alguns retrocessos também que serão mencionados nesse trabalho de acordo com os passos estudados no trabalho sobre deficiência múltipla.
Mesmo assim, a LDBN/96 veio fortalecer as leis que regem uma de educação de qualidade ainda deixou algumas lacunas no que tange à qualificação do profissional da educação. Rede apoio não é um recurso eficaz com representatividades de profissionais de outras áreas (saúde - médicos especialistas nas áreas da psicologia, psiquiatria, neurologia, etc. e no âmbito da assistência à família e ao educando com NEE). A contribuição da rede de apoio não é suficiente para atender as demandas dos alunos que estão chegando às escolas.
 O modelo arcaico ainda presente nas escolas e é uma forma obscura e silenciosa de burlar as leis da educação inclusiva no país.

O que se observa em termos de inclusão social e educacional é, que muito se faz transparecer que o problema esta apensas vinculado ao sujeito na sua debilidade, no viés que o problema e a deficiência estão sempre localizados no sujeito e nunca no ambiente e nos recursos.
 Mas que de tal forma não condiz, pois a problemática é bem mais complexa do que se possa imaginar, pois requer espaço, tempo, conhecimento e recursos. Para haver inclusão é necessário que façamos uma revisão em nossos conceitos e nas praticas curriculares e nos programas existentes.
Percebe-se que os professores, os estudiosos e pesquisadores que abraçam a causa dos deficientes no Brasil caminham em via de mão dupla. de um lado tem a lei com suas lacunas e de outro  preconceito.
Essa concepção é devido ao preconceito ainda enraizado nas pessoas, cuja mente está ainda nos antepassados da exclusão total dos deficientes no Brasil, principalmente os com deficiência múltipla.

A cultura da diversidade é uma nova maneira de educar, reeducar as pessoas construir novos conceitos e desconstruir os pré- conceitos enraizados na população brasileira. É  fazer  entender que todos somos iguais nas diferenças. Todos temos alguma deficiência ou não, sejam visíveis ou não percebidas pelos outros.
E além do mais diversidade não é  sinônimo de dificuldades, e sim de transformações qualitativas que busquem ações coletivas e  efetivas para uma inclusão mais autônoma e independente.

A legislação é explicita em termos de obrigatoriedade. As leis regentes na atualidade são para o novo paradigma. Assim sendo, buscou-se como objetivo fazer-se uma reflexão contextualizada dos conceitos, da legislação, da pratica pedagógica vinculando-se no campo educação inclusiva e das conseqüências na sociedade atual.
Se caminhar pelas ruas, cidades e estados do país percebe-se a ineficiência de espaços para qualquer pessoa com deficiência transitar pelas ruas e calçadas.
A proposta da inclusão social é construir um novo tipo de sociedade, através de transformações, pequenas e grandes, nos ambientes físicos (espaços internos e externos, equipamentos, aparelhos e utensílios mobiliário e meios de transporte) e na mentalidade de todas as pessoas, e, portanto, também na própria pessoa com deficiência.
 Grande parte da população brasileira possui algum tipo de deficiência. Muitos jovens com deficiência física não podem viver em condições de dignidade devido a obstáculos e barreiras arquitetônicas presentes no meio urbano e escolar. Ainda que haja legislação que preconize seu atendimento, sabemos que grande parcela da população se encontra excluída e segregada, não recebendo atendimento adequado para que ocorra sua inclusão na sociedade.
Salienta-se que a sociedade capitalista se desenraiza, exclui, para incluir de outro modo, segundo suas próprias regras, segundo sua própria lógica. Um exemplo típico é o desrespeito aos estacionamentos públicos para deficientes e idosos. É como eles não tivessem o direito de circular pela cidade em busca de lazer ou fazer compras nos lugares que desejam.

Analisando sobre essa ótica torna-se difícil terminar com a exclusão e mesmo existindo leis contra a mesma, não são leis que vão mudar, de um dia para o outro, a mentalidade da sociedade assim como o seu preconceito.
O caminho para termos uma sociedade incluída será, provavelmente, aprofundar a Educação Inclusiva apoiando todos os alunos com dificuldades, dando-lhes uma educação de qualidade num ambiente comunitário e diverso.
Infelizmente, o que constatamos é que alguns alunos (nem todos) com necessidades especiais são matriculados nas escolas regulares, mas encontram barreiras arquitetônicas, atitudinais, comunicacionais e metodológicas.
E, além do mais defrontam com o despreparo dos professores devido à falta de formação profissional para trabalhar com alunos com deficiências e outros fatores que acabam contribuindo para uma exclusão num processo que se diz inclusivo.
A inclusão educacional é um percurso silencioso e paulatino, entretanto muito promissor através do qual todos os alunos, incluído, com deficiência, devem ser educados juntos, com o apoio necessário, na idade adequada e em escola de ensino regular.
O conceito de escola inclusiva implica uma nova postura da escola comum, que propõe no projeto pedagógico – no currículo, na metodologia de ensino, na avaliação e na atitude dos educadores – ações que favoreçam a interação social e sua opção por práticas heterogêneas.

A inclusão escolar do deficiente múltiplo – pessoas com duas ou mais deficiências de base associada – que, na maioria das vezes, é percebido como o educando com necessidades educacionais "mais acentuadas", é fato bastante recente na educação brasileira (MEC, 2002). Nos questionamentos sobre a possibilidade de inclusão escolar dessa população, ainda habitam no imaginário social e individual dos profissionais da educação e dos familiares dessas crianças, desconhecimento e dúvidas que culminam em incertezas sobre os benefícios e as possibilidades da inclusão.

Para os professores e profissionais da educação que atuam nessa área é a insuficiência de literatura sobre o assunto, a falta de intercâmbio de experiências e a escassez de pesquisas científicas e de registros da prática pedagógica.
A qualificação dos professores e a ajuda permanente dos profissionais da saúde muito tem a contribuir para o ensino igualitário na escola em que todos podem aprender com seus ritmos, tempos e estilos diferentes. Essa questão é referente a políticas públicas e sócias que não dão o suporte que a escola dita como integradora ou inclusiva merecem.Não podemos culpar os professores e nem os gestores das escolas. Uma equipe multidisciplinar trabalhando dentro da escola é o sonho de uma escola que podemos chamar de verdadeiramente inclusiva.

Se o próprio conceito de deficiência múltipla varia entre os estudiosos. Para alguns, é a ocorrência de apenas uma deficiência, cuja gravidade acarreta conseqüências em outras áreas, quiçá para os professores que trabalham com os alunos com deficiência múltipla ou só visual, ou só auditiva, ou  só paralisia cerebral, síndromes, dentre outras deficiências.
Muito tem que se mudar acerca da inclusão de alunos com NEE nas escolas brasileiras e antes de tudo rever o currículo acadêmico dos professores nas faculdades. Essa mudança é necessária e urgencial, pois não podemos formar homens máquinas, é a busca da promoção humana em jogo na sociedade. Somos seres inacabados como afirma  Paulo Freire em seu livro Pedagogia do Oprimido.
Os seres humanos não são fisicamente todos iguais - cada um de nós tem seu peso, sua altura, sua cor de pele. As pessoas deficientes talvez sejam um pouco mais diferentes, já que podem possuir sinais ou seqüelas mais notáveis. Mas não podemos meramente transpor a realidade natural para a realidade social. (Cintra,João. 2003)
A Inclusão por ser um processual deve ser  construído numa relação dialógica, na avaliação e elaboração permanente de estratégias. Um espaço, onde pais, profissionais especializados, professor da sala regular e todo o coletivo escolar se juntam para discutir as possibilidades, as necessidades e formas de interação adequadas a avaliação e modificação da escola, a organização do espaço o provimento de recursos humanos e materiais necessários para a promoção da aprendizagem.

É preciso romper com a atual organicidade escolar, buscar novos princípios filosóficos como diretriz para a educação/educação física, buscando compreender que os homens são diferentes e é na diferença que ocorre a compreensão dos seus limites e possibilidades.
Finalizo o trabalho com Cintra, João. 2003, quando afirma que: ...vivemos  em uma sociedade em que nosso corpo individual tem íntima ligação com o “corpo social”, que se expressa através da realidade sociocultural.


Dessa forma,  respeitar as diferenças intelectuais, físicas, sensoriais , raciais , sociais ou de outra natureza é respeitar a nós mesmos. As leis existem e é para serem cumpridas para tornar uma sociedade mais justa e igual para todos rompendo os paradigmas da exclusão.
Texto de Elaine de Almeida Eleutério/2014


Referências  Bibliográficas

Cintra Ribas, João B. O Que São Pessoas Deficientes. 6ºEd. São Paulo Brasiliense, 2003.
Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU 2008) Extraído do site acessado em 06/11/2012. 
www.assinoinclusao.org.br/Downloads/Convencao.pdf
Declaração de Salamanca sobre Princípios, Política e Prática em Educação Especial
(Salamanca - 1994) extraído do site acessado em 06/11/2012 http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf Educação Especial, n.1, p. 19-23, out. 2005. Disponível em:<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/revistainclusao1.pdf>. Acess: 15 agosto. 2012.
LIMA PA. Educação Inclusiva e igualdade social. São Paulo; AVERCAMP, 2002.
_______. Ministério da Educação. Lei das diretrizes e Bases da Educação Nacional
9394/96. São Paulo; Saraiva, 1996.
 MANTOAN, Maria Teresa Eglér (org.). A Integração de Pessoas com Deficiência. São Paulo: Memnon, 1997
SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: o paradigma do século 21. Inclusão – Revista da
Sassaki, Romeu Kazumi. Inclusão: Construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 1997.