sábado, 3 de outubro de 2015

A INCLUSÃO TEM MUITO A CAMINHAR ...

MEU OLHAR PARA COM OS DIFERENTES É MUITO ESPECIAL. 
EU SOU ESPECIAL PARA ELES. EU FAÇO A DIFERENÇA POR QUE MEU AMOR É ESPECIAL.SÓ ISSO! NÃO TEM SEGREDO!




A inclusão acontece quando ..."se aprende com as diferenças e não com as igualdades". Paulo Freire



O que precisa existir para a escola ser inclusiva de verdade?
Hoje, vamos abordar um assunto extremamente importante e que deve ser retomado a todo instante pelas instituições escolares.


Olá, pessoal! Tudo bem? Hoje, vamos abordar um assunto extremamente importante e que deve ser retomado a todo instante pelas instituições escolares e pelas pessoas que fazem parte delas. Estamos falando da inclusão, do processo de abrir espaço nas escolas regulares para todos os alunos, a fim de que a escola seja realmente um espaço democrático, de todos. Mas, o que faz uma escola ser realmente inclusiva, quais são as características que ela deve ter? 

Vejamos. Em primeiro lugar, a escola deve ter bem clara a diferença entre integração e inclusão. Integrar um aluno no ambiente escolar é colocá-lo fazendo parte das atividades cotidianas da escola, sem pensar em suas características. Incluir é conhecer o aluno, suas características, seus limites e preparar os diversos ambientes da escola para recebê-lo, e efetivamente, fazê-lo participar.

Muitas escolas divulgam que são inclusivas, mas, na realidade, são espaços de integração. Outro ponto fundamental é que todas as pessoas da escola devem estar inseridas no projeto de inclusão. O porteiro ou o guarda, por exemplo, deve saber da limitação da criança e dar suporte para sua entrada e saída do prédio escolar. Os professores devem questionar-se constantemente quais são as melhores maneiras de cativar o aluno, inseri-lo nas atividades e fazer com que ele efetivamente participe. Deve reconhecer que cada aluno possui uma habilidade que deve ser explorada.
 

O aluno pode ter sérias dificuldades de escrever, mas pode desenhar muito. Por que não explorar a capacidade de ilustrar? Quem disse que o certo é apenas escrever? O sucesso na vida se dá por inúmeras habilidades. Os gestores, por sua vez, devem ter a sensibilidade de saber que, em determinada sala, a média de rendimento poderá cair, já que possui alunos de inclusão. Também é de extrema importância, a formação, pois ninguém consegue fornecer um serviço de qualidade se não tem preparo, se não senta e estuda, lê, participa de palestras e cursos.
 

Não podemos nos esquecer da estrutura física da escola. Ela deve estar preparada com banheiros adaptados, elevadores se possuir andares, carteiras adaptadas e da mesma importância, todo material pedagógico deve ser preparado exclusivamente pelos professores e coordenação para aquele aluno. Usar apostilas e livros de séries anteriores não é um bom caminho.
 

Se a criança gosta, por exemplo, de um determinado desenho, monte o material baseado no personagem do desenho. A criança sentirá ligação com seu material, aumentando a concentração e a participação. E os pais e alunos, como devem agir no processo de inclusão? Esse é tema da próxima coluna. Te espero na próxima semana!

Marcos Liba é educador e atua na capacitação de professores e orientação de pais e alunos.


Foto:Elaine Eleutério



sábado, 11 de julho de 2015

“FORMAS DE PENSAR E AGIR DO PROFESSOR NO COTIDIANO DAS ESCOLAS”


                          II Congresso de Práticas
Educacionais da Rede Pública de Minas Gerais

“FORMAS DE PENSAR E AGIR DO PROFESSOR NO COTIDIANO DAS ESCOLAS”

Escola: Escola Estadual “Elza de Oliveira Lage
Diretor: Denilson de Almeida Freitas
Rua: Sálvia - 170 – Chácara Madalena– Ipatinga – MG
Superintendência Regional a de Ensino de Coronel Fabriciano

O QUE PENSAM OS PROFESSORES DOS ANOS FINAIS ACERCA  DA AVALIAÇÃO DOS ALUNOS COM  NEE
Autores:
  Elaine de Almeida Eleutério
Denilson de Almeida Freitas

Foto 1 - Certificados das apresentações do texto e dos slides
INTRODUÇÃO
O presente relato de experiência apresenta os elementos que constituem a estrutura de um processo de avaliação dos alunos com necessidades educativas especiais (NEE) da escola Professora Elza de Oliveira Lage e os questionamentos sobre a prática educativa e avaliativa dos professores no que se refere ao processo de avaliação dos alunos com NEE do 6º ao 9º ano, inseridos na sala de aula regular que difere completamente da sala de recursos.
Portanto, foi preciso discutir a avaliação como um processo amplo, complexo e reflexivo através dos mecanismos que a constituem e das possibilidades de diminuir o processo de exclusão causado pela ineficiência metodológica de lhe dar com as deficiências dos alunos, em especial os alunos com Paralisia Cerebral que também apresentam diferenças substanciais dentre outras categorias.
Em relação a educação inclusiva Mantoan (2003), afirma que  
a educação inclusiva preconiza um ensino em que aprender não é um ato linear, contínuo, mas fruto de uma rede de relações que vai sendo tecida pelos aprendizes, em ambientes escolares que não discriminam, que não rotulam e que oferecem chances de sucesso para todos, dentro dos interesses, habilidades e possibilidades de cada um.

 Mesmo diante um trabalho pedagógico inclusivo desenvolvido desde os anos iniciais, o fato é que os alunos passaram a chegar ao 6º ano sem as habilidades referentes à leitura e escrita com defasagem dos anos anteriores ou sem a manifestação de outras habilidades que apresentavam e a escola não as percebia.
 A meta da escola é garantir o acesso e a permanência com sucesso dos alunos com deficiência mesmo diante das implicações referentes ao currículo básico comum. Assim, todo o coletivo da escola precisou repensar sua prática educativa e avaliativa, o que não foi fácil.
A proposta da ressignificação dos instrumentos de avaliação propiciou uma intervenção e contribuição da equipe do AEE, dos professores de apoio na perspectiva de valorizar as potencialidades de cada aluno no intuito de elevar sua auto-estima e assim garantir a conclusão do ensino fundamental.
Neste caso, o foco de toda a nossa atenção nesse estudo foram os alunos com NEE inseridos no ensino regular do 6º ao 9º ano e a prática avaliativa. E, através de muitos questionamentos foi consensual por parte de todos os docentes a necessidade de rever e atualizar os conceitos e as práticas avaliativas tradicionais, normativas, padronizadas e classificatórias.

DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA
    A inclusão, uma realidade na Escola Elza, é abordada e questionada no espaço educacional com seriedade e responsabilidade. O enfrentamento da ruptura de uma escola regular comum para uma instituição inclusiva por parte dos docentes foi considerada normal para a equipe diretiva e a equipe do AEE.
A princípio foi necessário um trabalho de sensibilização, conscientização e de conhecimento das legislações vigentes nacionais e internacionais. Acolher e preparar alunos com deficiência para que tenham condições de desenvolver suas habilidades funcionais com autonomia é um dos fatores principais da Inclusão, quiçá o principal.
  Neste caso, a leitura da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) 9.394/96 esclarece que a avaliação deve ser vista como um recurso para auxiliar o professor em sua prática educativa, prevalecendo à qualidade da avaliação sobre a quantidade. Entretanto no que concerne a avaliação, mesmo com as mudanças que tem se sido feito na escola ainda há muito que avançar. 
Todavia, a desqualificação dos profissionais que atuavam com alunos com necessidades especiais e a ineficiência de estrutura física da escola foram fatores preponderantes que podia barrar sucesso na aprendizagem do aluno com NEE. Diante da problemática supracitada, a escola precisou buscar estratégias, métodos, alternativas para romper com o tradicional para um ensino que atenda a todos na escola na busca da igualdade e da equidade.
Por isso, a ideia de que a avaliação é medida através dos desempenhos quantitativos dos alunos está fortemente enraizada no imaginário dos educadores e dos aprendizes.
A Declaração de Salamanca  na Espanha (1994) se apóia na Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU, 1948) explicita a compreensão de que todas as escolas deveriam acomodar todas as crianças independentemente de qualquer
condição e ainda enfatiza que a escola tem de encontrar maneiras de educar com êxito todas as crianças, inclusive aquelas com deficiências graves.
 O professor aos poucos percebeu que era necessário rever sua prática para adequar a metodologia a ser usada e não ter receio de mudar quando for necessário. O propósito era de construir caminhos para a remoção de barreiras na aprendizagem a partir da reflexão sobre os objetivos da prática avaliativa.
Após diversas leituras e estudos foi possível identificar como temáticas principais: sentidos e imaginários do professor sobre as deficiências e suas especificidades, formação do professor para efetivação do processo de inclusão, bem como a utilização de estratégias pedagógicas diferenciadas. .
Os encontros de capacitação foram ministrados pela equipe do AEE e o diretor da escola juntamente com a equipe pedagógica. Além das capacitações promovidas pela escola, 90% dos professores fizeram o curso do AEE Virtual pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC, Minas).
Nos encontros com os professores foram utilizadas estratégias gerais, destaca-se o preenchimento de questionários para relatarem suas dúvidas e angústias. Um dos questionamentos foi: Quais aspectos relevantes o professor de disciplina deverá avaliar no processo de aprendizagem dos alunos com NEE?
Como atribuir notas referentes ao desempenho escolar quando os avanços dos alunos são atitudinais, como no caso de alguns, ou seja, o que irá constituir o repertório comportamental que lhes permite interagir com os demais e participar das atividades de convivência social e esportiva ou, ainda, entre outros aspectos não identificados rotineiramente como acadêmicos?
A partir deste diagnóstico as capacitações em serviço foram ministradas através de palestras expositivas, debates e oficinas específicas pedagógicas inclusivas como: como elaborar o Plano de desenvolvimento individual (PDI), relatórios circunstanciados, avaliação diagnósticas dos alunos com NEE, adaptação de provas e a construção de instrumentos avaliatórios, dentre outros.

                                   
Fotos 2 - apresentação do texto para outras escolas do Estado/MG
REFLEXÕES SOBRE O TRABALHO
 Vasconcellos (2003) faz o seguinte alerta:
 mudar o paradigma da avaliação não significa ficar em dúvida se “devo reprovar ou dar uma ’empurradinha”, qualquer uma dessas posturas é cruelmente excludente, pois é preciso descobrir as condições de aprendizagem de cada aluno e, além disso, “não parar para atender ao aluno e suas necessidades é um autêntico suicídio pedagógico” (p. 54, 58, 77).
De acordo com o teórico acima é preciso sempre relembrar que as provas não podem ser de forma alguma classificatória, “cada um tem seu tempo, seu estilo e ritmo para que ocorra a aprendizagem epistemológica” e que existe outros instrumentos de avaliação.
A avaliação propriamente dita não é o único ponto de partida, no entanto, através das diversas formas de avaliar os alunos com NEE os professores puderam perceber os avanços dos alunos e da prática também deles. Assim, o processo de avaliação ocorre de maneira efetiva, favorece o desenvolvimento do trabalho com qualidade. A avaliação jamais pode ser considerada como reta final e sim como ponto de reflexão, de retomada do processo ensino aprendizagem.
Portanto, os docentes da E. E. “Professora Elza de Oliveira Lage” relatam que as parcerias ocorrem em seu dia a dia naturalmente e são fundamentais no alcance do sucesso educativo. Essas acontecem com o apoio dos colegas que apresentam comprometimento, dedicação, entendimento e aceitabilidade. Nessa perspectiva, os docentes são corresponsáveis, buscam despertar no educando o desejo de mudança.
Sobre a ótica da inclusão os professores perceberam que o aluno com necessidades especiais não é visto como responsabilidade unicamente como professor do AEE ou do professor de apoio, nem apenas do professor de cada disciplina e sim de todos os participantes do processo educacional.
E assim a escola aos poucos desenha sua prática inclusiva no que tange, á formação do professor, às adaptações curriculares, salas de recursos com tecnologia assistiva e ou alternativa e a acessibilidade.
Vários empecilhos ainda vão surgir e há muito para aprender, outros já foram vencidos. No entanto, melhorar nossa prática pedagógica é necessário, o jeito de olhar para cada aluno, cada colega de trabalho, etc. Hoje os professores da escola Elza estão mais preparados para enfrentar os desafios e os paradigmas da inclusão.

REFERÊNCIAS
CÔRREA, R.  e PIMENTEL, Maria Auxiliadora M. A avaliação educacional diagnóstica e as práticas curriculares.
MANTOAN, M.T.E. Inclusão escolar: o que é? Porque? Como fazer? São Paulo: Moderna, 2003.
Declaração de Salamanca. "Sobre princípios, política e práticas nas áreas das NEE. Espanha, 7 a 10 de junho de 1994.
Secretaria Municipal de Educação. Referencial sobre avaliação da aprendizagem de alunos com necessidades educacionais especiais /– São Paulo : SME / DOT, 2007.

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN/96), bem como a Resolução n.º 02, de 2001.

 Foto 3 - Apresentação dos Slides das práticas inclusivas.
Foto 4
"A grande ciência da vida é aprender a recomeçar. Recomeçar com confiança e entusiasmo." (Lições de Dorina Gouveia Nowill - Para quem quer ver além)

Foto 5- Apresentação do diretor Denilson

                         Foto 6 - apresentação da professora de  AEE Elaine                                
"Mestre na arte da vida faz pouca
distinção entre o seu trabalho e o seu lazer, entre a sua mente e o seu corpo, entre a sua educação e a sua recreação, entre o seu amor e a sua religião. Ele dificilmente sabe distinguir um corpo do outro. Ele simplesmente persegue sua visão de excelência em tudo que faz, deixando para os outros a decisão de saber se está trabalhando ou se divertindo. Ele acha que está sempre fazendo as duas coisas simultaneamente." Zen-Budista

                                 
      Fotos tiradas em outubro de 2013  no II Congresso de Práticas Educacionais da Rede Pública de Minas Gerais


Elaine de Almeida Eleutério/12/07/15





sábado, 6 de junho de 2015

TGD - Transtornos Globais de Desenvolvimento



                                  TRANSTORNOS GLOBAIS DE DESENVOLVIMENTO

"A exclusão gera efeitos terríveis.  Ela afeta a auto-estima e a identidade, produzindo um sentimento de menos valia nos indivíduos excluídos. Ao mesmo tempo, produz efeitos sociais, econômicos, culturais e políticos, uma vez que reafirma as desigualdades e as injustiças sociais, auxiliando na formação de cidadãos de “segunda classe (CARVALHO, 2003)”.



Os alunos com TGD (Transtornos Globais de Desenvolvimento) e a escola inclusiva.

A escola integradora é um passo para que ocorra uma inclusão de verdade, ainda estamos vivendo um preconceito camuflado nas escolas brasileiras, ao qual o aluno com NEE principalmente os com TGD não se enquadram no protótipo do aluno com uma deficiência motora mesmo que esteja associada outra deficiência o que gera uma exclusão em outra exclusão. Escolas que assim agem poderiam ser chamadas de escolas integradoras Ela funcionam sob o paradigma da integração social. As escolas integradoras não esperam adequar seu sistema às necessidades educacionais especiais dos alunos com deficiência.
A educação inclusiva está fundamentada em princípios filosóficos, políticos e legais dos direitos humanos. Compreende a mudança de concepção pedagógica, de formação docente e de gestão educacional para a efetivação do direito de todos à educação, transformando as estruturas educacionais que reforçam a oposição entre o ensino comum e especial e a organização de espaços segregados para alunos público alvo da educação especial.
A inclusão num sentido mais amplo significa o direito ao exercício da cidadania, sendo a inclusão escolar apenas uma pequena parcela do processo que precisamos percorrer. Todavia, a cidadania da pessoa com deficiência é um caminho recente e que evolui paulatinamente na sociedade. Entretanto, algumas escolas públicas do país fazem a diferença pois procuram garantir o acesso e a permanência desses alunos na escola, o que é muito difícil,mesmo embasada nos princípios mencionados no parágrafo mencionado acima. Os Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) são distúrbios nas interações sociais recíprocas, com padrões de comunicação estereotipados e
repetitivos e estreitamento nos interesses e nas atividades. Geralmente se manifestam nos primeiros cinco anos de vida. No que tange ao aluno com TGD a proposta de socialização e interação não convence uma vez que o próprio aluno tem dificuldade de interagir com seus atores na escola. A escola precisa realmente verdadeiramente inclusiva para garantir sua cidadania o que implica uma equipe multidisciplinar dentro da escola. Apresenta uma proposta de redimensionamento de estruturas físicas da escola, de atitudes e formação dos professores com adaptações curriculares. A proposta da inclusão provoca uma emergência na elaboração de políticas públicas de educação, de saúde e social. Que visa efetivar ações para garantir um ensino de qualidade e igualitário.
Nessa perspectiva, a educação inclusiva e a educação especial são definidas como uma modalidade de ensino transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, que disponibiliza recursos e serviços e realiza o atendimento educacional especializado – AEE de forma complementar ou suplementar à formação dos alunos público alvo da educação especial.
Sendo assim, um dos diferenciais da inclusão é que ao contrário da integração ela pede um olhar diferenciado em relação à diversidade de alunos no contexto escolar em todos os seus aspectos.
O olhar diferenciado, pelo contrário, tem como objetivo igualar oportunidades e reconhecer cada aluno da escola como um potencial agente de contribuição na formação dos valores, ensinamentos e formas diferenciadas de aprender.
Mas se o lugar comum de todos os alunos é na escola, o lugar do aluno com TGD, que certamente faz parte do Todos, também o é. O termo “deficiência” significa uma restrição física, mental ou sensorial, de natureza permanente ou transitória, que limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais da vida diária, causada ou agravada pelo ambiente econômico e social. (BRASIL,2001,Art.1).
Os objetivos gerais da educação para o aluno com TGD são os mesmos que em relação a todas as crianças. Promover o desenvolvimento de suas competências e possibilidades, fomentar o bem estar emocional e um equilíbrio
pessoal o mais harmonioso possível além de aproximar as crianças com TGD do mundo de relações significativas.
Nessa dimensão forma-se uma tríade: linguagem, comportamento e interação social. O desafio de educar contempla uma proposta, onde aprender na mesma sala de aula além de legítimo passa a ser enriquecedor para todos da escola.
Há a necessidade de orientar os professores, tornando-os capacitados a identificar corretamente as necessidades de seus alunos com autismo. Dessa forma, a DSM-IV classifica o Transtorno Global de Desenvolvimento em cinco categorias distintas de situações: Transtorno Autista, Síndrome de Rett., Transtorno de Aspergir, Transtorno Desintegrativo da Infância e Transtorno Global do Desenvolvimento sem Outra Especificação. Segundo o DSM-IV, a principal característica do Transtorno Autista é o prejuízo da criança, em seu processo de desenvolvimento, no que se refere à interação social, principalmente na área da comunicação interpessoal, à aquisição da linguagem e a estruturação de jogos simbólicos ou imaginativos. Considerando esse processo de desenvolvimento, o DSM-IV aponta que, para se diagnosticar um quadro autista a pessoa deve apresentar seis ou mais itens do conjunto de características abaixo: • Alterações significativas nas condutas de relação não verbal, tais como: contato visual direto, expressão facial, posturas corporais e gestos para regular a interação social; • Dificuldade ou, até mesmo, incapacidade em desenvolver relacionamentos com pessoas da sua mesma idade ou em mesmo estágio de desenvolvimento; • Ausência de comportamentos que objetivem, espontaneamente, compartilhar prazeres, interesses ou realizações diversas com outras pessoas; • Falta de reciprocidade social ou emocional; • Atraso ou ausência total de desenvolvimento da linguagem falada (não acompanhado por uma tentativa de compensar através de modos alternativos de comunicação, tais como gestos ou mímica); • Em indivíduos com fala adequada, acentuado prejuízo na capacidade de iniciar ou manter uma conversação; • Uso estereotipado e repetitivo da linguagem ou linguagem idiossincrática
• Dificuldade acentuada em participar e desenvolver, espontaneamente, jogos ou brincadeiras de imitação social variados; • Preocupação insistente com um ou mais padrões estereotipados e restritos de interesse e ou comportamento; • Adesão aparentemente inflexível às rotinas ou rituais específicos e não funcionais; • Estereotipias motoras repetitivas (por exemplo, sacudir as mãos, balançar a cabeça, retorcer dedos ou outros); • Preocupação persistente com partes de objetos e a não significação da função do objeto como um todo. A Síndrome de Asperger compreende outro transtorno invasivo do desenvolvimento, entretanto diferentemente do autismo infantil, a criança com Síndrome de Aspergir apresenta desenvolvimento cognitivo e intelectual normal e não apresenta atraso no desenvolvimento da fala. Neste caso, o desenvolvimento da criança parece normal, mas, no decorrer dos anos, seu discurso torna-se diferente, monótono, peculiar e há, com freqüência, a presença de preocupações obsessivas. Sua capacidade de interagir com outras crianças torna-se difícil, sendo pouco empática, apresentando comportamento excêntrico e possuindo grande dificuldade de socialização, o que tende a torná-la solitária. Outra característica é o prejuízo na coordenação motora e na percepção viso espacial. A síndrome de Ret. é uma anomalia genética que causa desordens de ordem neurológica e afeta, principalmente, crianças do sexo feminino. Segundo o DSM-IV, a Síndrome de Ret. acarreta, ao indivíduo, múltiplos e significativos prejuízos em seu processo de desenvolvimento, apresentando as primeiras manifestações desses comprometimentos após o período de 6 a 12 meses de vida. Nestes casos, a criança apresenta um processo de desenvolvimento normal1, ganha peso, interage com o seu meio de forma adequada, explorando os objetos e mantendo contato com os pais; entretanto, a partir dos 6 a 12 meses, essa criança começa a perder ou atrasar etapas deste processo de desenvolvimento. A Síndrome de Ret. é classificada em duas formas: clássica e atípica.
O Transtorno Desintegrativo da Infância, o DSM-IV caracteriza-o como também sendo um caso de desaceleração no processo de desenvolvimento. Entretanto, nesta situação, a criança tem um desenvolvimento normal até os 2 anos (e antes dos 10 anos) e, a partir daí, começa a apresentar significativas perdas de habilidades psicomotoras e cognitivas já conquistadas, ocorrendo à estagnação no processo geral de desenvolvimento. O transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação, o DSM-IV aponta que o prejuízo severo no desenvolvimento da interação social recíproca e os interesses e comportamentos estereotipados são suas principais características. O Transtorno Global do Desenvolvimento sem Outra Especificação é identificado a partir de um diagnóstico diferencial, ou seja, quando tais características estão presentes, mas não são satisfeitos os critérios de diagnóstico para outros transtornos como, por exemplo, Esquizofrenia, Transtornos da Personalidade Esquizotímica.
Com relação à interação social, crianças com TGD apresentam dificuldades em iniciar e manter uma conversa. Algumas evitam o contato visual e demonstram aversão ao toque do outro, mantendo-se isoladas. Podem estabelecer contato por meio de comportamentos não-verbais e, ao brincar, preferem ater-se a objetos no lugar de movimentarem-se junto das demais crianças. Ações repetitivas são bastante comuns.
Os Transtornos Globais do Desenvolvimento também causam variações na atenção, na concentração e, eventualmente, na coordenação motora. Mudanças de humor sem causa aparente e acessos de agressividade são comuns em alguns casos.
Apresentar as atividades do currículo visualmente é outra ação que ajuda no processo de aprendizagem desses alunos. Faça ajustes nas atividades sempre que necessário e conte com a ajuda do profissional responsável pelo Atendimento Educacional Especializado (AEE). Também cabe ao professor identificar as potências dos alunos. Invista em ações positivas, estimule a autonomia e faça o possível para conquistar a confiança da criança. Os alunos com TGD costumam procurar pessoas que sirvam como 'porto seguro' e encontrar essas pessoas na escola é fundamental para o desenvolvimento.
É um trabalho conjunto: família, escola, sociedade, políticas públicas para atender às necessidades desses alunos. Existe toda uma postura de aceitação, de se libertar dos preconceitos, dos estigmas, dos medos.

MÉTODO TEACCH (Autismo) Conforme SCHWARTZMAN (1995, p. 233 e 234) é um método de trabalho que Foi desenvolvido a partir de intensa observação comportamental no ano de 1966 nos EUA, pelo Dr. Eric Schopler, na Universidade da Carolina do Norte, e tornou-se programa nas escolas americanas, tendo-se expandido na Bélgica, Inglaterra, Israel, Austrália e Japão. No Brasil, o método foi implantado em março de 1991, no Centro TEACCH Novo Horizonte, na cidade de Porto Alegre, no Estado do RS. O Brasil utiliza o método de ensino TEACCH para trabalhar com crianças autistas. O método visa principalmente habilitar pessoas portadoras de autismo a se comportar de forma tão funcional e independente quanto possível; ensinar coisas funcionais para a criança autista. Neste caso, ensinar atividades funcionais da vida diária para a criança autista é a essência de um trabalho adequado e a persistência é um grande aliado deste objetivo. As crianças autistas aprendem e entendem melhor vendo do que ouvindo. A estimulação sensorial é à base de todo o processo da aprendizagem das pessoas com TGD. Para que a inclusão se efetive verdadeiramente como preconiza as leis vigentes no país, Mantoan (2006) afirma que a escola tem de mudar como um todo para atender a todas as necessidades, provenientes dos alunos portadores de necessidades especiais ou não.
A Educação inclusiva é caracterizada como uma política social que se refere a alunos com necessidades educacionais especiais, tomando-se o conceito mais amplo, que é o da Declaração de Salamanca, UNESCO (2003 p.17-18):
O princípio fundamental desta linha de ação é de que as escolas devem acolher todas as crianças, independentemente de suas condições, físicas, intelectuais, emocionais, linguística e outras.
Portanto, todas as escolas devem acolher crianças com deficiência ou bem dotadas, crianças que vivem nas ruas e que trabalham, crianças de populações distantes ou nômades, crianças de minorias linguísticas étnicas ou culturais e crianças de outros grupos ou zonas desfavorecidas ou mesmo marginalizadas. (Texto de  Elaine de Almeida Eleutério/2014)

Fotos tiradas na Sala de Recursos Multifuncionais(2014-2015)

Referências Bibliográficas 

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE AUTISMO (ABRA). Disponível em: http://www.autismo.org.br/. Acesso em 30 abril 2010. http://www.educa.madrid.org/cms_tools/files/7fbaf702-85c4-4f8b-a7c7-1c60caaffde0/resumenTEACCH.pdf
http://www.webartigos.com/artigos/o-ludico-na-aprendizagem-da-pessoa-com-autismo-uma-analise-sobre-suas-potencialidades-e-possibilidades/91595/#ixzz2mN766Yla BALDUINO, Mírian de M. M. Inclusão escolar de alunos portadores de Deficiência mental: com a palavra os professores. 2006. 147 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília, Brasília, 2006. Disponível em: http://repositorio.bce.unb.br/bitstream/10482/2027/1/2006_Míriam Maria de Moraes Balduino.pdf. Acesso em 12 fev. 2010. ______. Declaração de Salamanca. Sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais. Brasília: UNESCO, 1994. MANTOAN, M. E. Inclusão escolar. São Paulo: Moderna, 2003.



sexta-feira, 5 de junho de 2015

ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO - POEMA: O PODEROSO MICHELANGELO



AS ALTAS HABILIDADES

...É difícil imaginar a história do mundo civilizado sem a contribuição de gênios específicos. Na história ocidental, por exemplo, o que seria da Grécia, sem Aristóteles e Alexandre, o Grande? A Itália, sem Dante e Michelangelo? A Espanha, sem Cervantes e Goya? A França, sem Descartes e Napoleão? A Alemanha, sem Goethe e Beethoven? A Holanda, sem Rembrandt e Vermeer? A Inglaterra, sem Shakespeare e Newton? Os Estados Unidos, sem Jefferson e Whitmam? A Rússia, sem Tólstoi e Lenin? Portugal, sem Saramago e Fernando Pessoa? O Brasil, sem Santos Dumont e Pelé?
Fragmento dos autores: José Aparecido da Silva/Rosemary Conceição dos Santos
Retirado da Revista Brasileira de tradução Visual
GÊNIOS: ORIGENS E TRAÇOS

CONCEITO

Lei de Bases e Diretrizes da Educação Nacional (LDB) Nº 9.394/96
“...alunos com necessidades educacionais especiais (NEE)
são aqueles que apresentam, durante seu processo educacional,
altas habilidades/superdotação, grande facilidade de
aprendizagem que os levem a dominar rapidamente conceitos,
procedimentos e atitudes”
• Poucas escolas preocupam-se com alunos nesta situação, pois
acredita-se que ele não precisa de auxílio por ter facilidade de
aprendizado.

Habilidade acima da média
• em relação aos pares da mesma idade;
• Comprometimento com a tarefa
• motivação, vontade,
• perseverança e concentração;
• Criatividade
• pensar diferente.

Características Atípicas
• Precocidade;
• Gosto e nível elevado de leitura;
• Interesses variados e diferenciados;
• Tendência a se associar com pessoas mais velhas;
• Assincronismo;
• Preferência por trabalhar ou estudar sozinho;
• Independência;
• Autonomia;
• Senso de humor refinado;
• Sensibilidade estética muito desenvolvida;
• Elevada capacidade de observação;
• Liderança;
• Gosto e preferência por jogos que exijam estratégia.

Freitas e Pérez (2010)


Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni (Caprese, 6 de Março de 1475 — Roma, 18 de Fevereiro de 1564), mais conhecido simplesmente como Miguel Ângelo (português europeu) ou Michelangelo (português brasileiro), foi um pintor, escultor, poeta e arquiteto italiano, considerado um dos maiores criadores da história da arte do ocidente.



O Poderoso Michelangelo

No período renascentista
Nasce na Itália
O maior de todos os artistas.
         Mestre em escultura, pintura,
         Arquitetura e poesia.
         E uma mistura de magia.

Com o martelo e o buril
Talhava o mármore a mil
E a estátua desejada surgia.

         Estátuas de pessoas
         O que mais gostava de esculpir
         Bastava só polir
         Ou deixar as marcas no buril.
Michelangelo,
Viveu no lugar certo
E na época certa
Nasceu para a arte
E na cidade de Provença
Deixou inúmeras lembranças.

         Apreciava a pintura de Giotto
         E muitos outros
Aprendeu a técnica dos afrescos
         Com o mestre Ghirlandaio
         Isto já é demais.

A escultura foi sua grande paixão

sábado, 2 de maio de 2015


A INCLUSÃO DEPENDE DO OLHAR DE CADA UM. MAS É UM COMPROMISSO DIVINO QUE CADA SER HUMANO TEM COM DEUS. Elaine Eleutério

“Incluir significa promover e reconhecer o potencial inerente a todo ser humano em sua maior expressão: a diferença.”
“Todo e qualquer empreendimento que visa à Inclusão só terá bons resultados quando o diferente for aceito como parte integrante e indissolúvel do ser humano.”
Francisco Gonçalves, Lara Gonçalves, Paulo Santos, 2010


Deus nos concede, a cada dia, uma página de vida nova no livro do tempo. Aquilo que colocarmos nela, corre por nossa conta.
Chico Xavier

A Inclusão da Criança com Necessidades Educacionais Especiais (1)
Profa. Dra. Mônica Pereira dos Santos (2)
Introdução
A questão da inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais na rede regular de ensino insere-se no contexto das discussões, cada mais em evidência, relativas à integração de pessoas portadoras de deficiências enquanto cidadãos, com seus respectivos direitos e deveres de participação e contribuição social.
Pode-se dizer que esta discussão mais ampla sobre inclusão, fundada na movimentação histórica decorrente das lutas pelos direitos humanos, não mais se constitui numa novidade, se se leva em consideração que tais princípios já vêm sendo veiculados em forma de Declarações e diretrizes políticas pelo menos desde 1948, quando da aprovação da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Em suas nuances, entretanto, ou seja, no que diz respeito aos vários cenários em que tais princípios de participação e direitos humanos se inserem, incluindo-se o educacional (tão freqüentemente preconizado como uma das principais alavancas de crescimento e projeção sociais do mundo moderno), ainda há muito a ser esclarecido e discutido a respeito das diferentes conotações que a inclusão possa assumir.
Exemplos práticos desta necessidade podem ser facilmente fundamentados em observações do dia-a-dia, quando se percebe a perplexidade, confusão e insegurança com que professores e outros profissionais se deparam com o tema quando abordado em teoria ou na prática.
Este artigo pretende discutir a inclusão quando traduzida para este contexto educacional, bem como as possíveis implicações que ela traz ao contexto brasileiro, principalmente quando se considera as recentes diretrizes e recomendações de organizações nacionais e internacionais a respeito do assunto.
Partiremos de uma breve discussão sobre o que tem sido o movimento pela inclusão até a década de 90. Em seguida, discutiremo-lo em termos dos reflexos provocados por dois eventos e documentos mundialmente significativos, acontecidos e lançados a partir de 1990: A Conferência Mundial sobre Educação para Todos - provendo serviços às necessidades básicas de educação, em Jomtiem, Tailândia, em 1990, e a Conferência Mundial sobre Educação Especial – acesso e qualidade, em Salamanca, Espanha, em 1994.
Por fim, procuraremos analisar as principais mudanças de foco relativas à formulação e implementação de políticas em educação que tais eventos e documentos implicaram, conforme vistas por um grupo de pessoas portadoras de deficiências na Inglaterra, com vistas a inspirar nossas discussões e realizar paralelos pertinentes ao nosso contexto.
Inclusão até a Declaração de Salamanca
Já se afirmou inúmeras vezes (ver, por exemplo: Fish, 1985; Cole, 1990; Wedell, 1990) que a educação especial na maioria dos países tem, a grosso modo, seguido padrão semelhante de evolução. Num primeiro momento, caracterizado pela segregação e exclusão, a "clientela" é simplesmente ignorada, evitada, abandonada ou encarcerada, quando não exterminada.
Num segundo, há uma modificação no olhar sobre a referida "clientela", que passa a ser percebida como possuidora de certas capacidades, ainda que limitadas, como por exemplo, a de aprendizagem. Em função desta modificação ocorre o que poderíamos chamar de "velha integração", como propõem Rieser & Mason (sem data). Ou seja, os excluídos começam a ser integrados a certos setores sociais, mas ainda predomina um olhar de tutela, e a prática correspondente, no que lhes diz respeito, muito embora já não seja mais a de rejeição e medo, ainda seria excludente, na medida em que se propõe a "protegê-los", utilizando-se, para tanto, de asilos e abrigos, dos quais estas pessoas raramente sairiam, e nos quais seriam submetidas a tratamentos e práticas, no mínimo, alienantes.
Ocorre então um terceiro momento, marcado pelo reconhecimento do valor humano destes indivíduos, e como tal, o reconhecimento de seus direitos. Aqui poderíamos caracterizar o segundo momento do movimento pela inclusão como denominado de "nova integração" (Rieser & Mason, sem data), ou inclusão propriamente dita. Na maioria dos países, este momento tem se acirrado em especial a partir da década de 60 do presente século, e nele se verifica uma predominância dos seguintes aspectos:

• O avanço científico, cuja produção e disseminação de conhecimento vem, não apenas promovendo a desmitificação de certos preconceitos fundados na ignorância sobre as diferenças da espécie humana, como também alertando para a necessidade cada vez mais urgente da união de povos em função da defesa do planeta por motivos ecológicos que hoje nos são óbvios; 


• Um crescente pensar de cunho sociológico denunciando e questionando consistentemente o sentido de práticas discriminatórias e clamando por um mundo democrático; 

• O avanço tecnológico, principalmente no terreno das telecomunicações, que vem aproximando ainda mais os povos e disseminando ainda mais rapidamente as informações, ao mesmo tempo em que provocando a necessidade de uma força de trabalho cada vez mais instruída e, se possível, especializada, capaz de atender à competitividade que o progresso tecnológico, entre outros aspectos, impõe às sociedades contemporâneas. 
Por mais paradoxais e contraditórios que possam parecer, todos esses aspectos vêm se refletindo conjuntamente nos sistemas educacionais dos mais diversos países, ainda que em alguns estes reflexos venham sendo observados mais tardiamente. O fato é que tais reflexos geram conseqüências inevitáveis à educação especial.

Por um lado, o mundo prima pela igualdade de valor entre seres humanos, e como tal, pela garantia da igualdade de direitos entre os mesmos. Por outro lado, este mesmo mundo já não mais comporta a existência da ignorância, seja porque ela gera a dependência que incapacita o desfrute de direitos, ou seja porque ela exclui o ser humano de um ritmo de produção cada vez mais vital àquela crescente competitividade, por lhes dificultar o exercício pleno de um de seus deveres como cidadãos: o de trabalhador produtivo e, consequentemente, o de contribuinte.
Emerge, assim, a necessidade de indivíduos cidadãos, sabedores e conscientes de seus valores e de seus direitos e deveres. Cresce, portanto, a importância da educação, e, mais ainda, a importância da inserção de todos num programa educacional que pelo menos lhes tire da condição de ignorantes. Em conseqüência cresce, também, a necessidade de se planejar programas educacionais flexíveis que possam abranger o mais variado tipo de alunado e que possa, ao mesmo tempo, oferecer o mesmo conteúdo curricular, sem perda da qualidade do ensino e da aprendizagem.
É neste espírito, acreditando que a pobreza e a miséria verificadas no mundo atual são produtos, em grande parte, da falta de conhecimento a respeito de seus deveres e direitos, e acreditando ainda que a própria falta de garantia deste direito básico que é o da educação (e do acesso à informação) constitui fonte de injustiça social, que a Conferência Mundial de Jomtiem sobre Educação para Todos aconteceu, em 1990, e adotou como objetivo o oferecimento de educação para todos até o ano 2000.
Entre os pontos principais de discussão na referida Conferência, destacou-se a necessidade de se prover maiores oportunidades de uma educação duradoura, que por sua vez implica em três objetivos diretamente relacionados, e que trarão conseqüências à educação especial:

• Estabelecimento de metas claras que aumentem o número de crianças freqüentando a escola; 


• Tomada de providências que assegurem a permanência da criança na escola por um tempo longo o suficiente que lhe possibilite obter um real benefício da escolarização; e 

• Início de reformas educacionais significativas que assegurem que a escola inclua em suas atividades, seus currículos, e através de seus professores, serviços que realmente correspondam às necessidades de seus alunos, de seus respectivos pais e das comunidades locais, e que correspondam às necessidades das nações de formarem cidadãos responsáveis e instruídos. 

Integração Após a Declaração de Salamanca

Uma conseqüência imediatamente visível à educação especial, resultante dos objetivos expostos acima, reside na ampliação da clientela potencialmente nomeada como possuindo necessidades educacionais especiais. Uma outra se verifica na necessidade de inclusão da própria educação especial dentro desta estrutura de "educação para todos", oficializada em Jomtiem. Entre outras coisas, o aspecto inovador da Declaração de Salamanca consiste exatamente na retomada de discussões sobre estas conseqüências e no encaminhamento de diretrizes básicas para a formulação e reforma de políticas e sistemas educacionais.
Assim, conforme o seu próprio texto afirma (UNESCO/Ministry of Education and Science – Spain, 1994), a Conferência de Salamanca:

...proporcionou uma oportunidade única de colocação da educação especial dentro da estrutura de ‘educação para todos’ firmada em 1990 (...) Ela promoveu uma plataforma que afirma o princípio e a discussão da prática de garantia da inclusão das crianças com necessidades educacionais especiais nestas iniciativas e a tomada de seus lugares de direito numa sociedade de aprendizagem (p.15) 

No que diz respeito ao conceito de necessidades educacionais especiais, a Declaração afirma que:


...durante os últimos 15 ou 20 anos, tem se tornado claro que o conceito de necessidades educacionais especiais teve que ser ampliado para incluir todas as crianças que não estejam conseguindo se beneficiar com a escola, seja por que motivo for. (p.15) 

Desta maneira, o conceito de "necessidades educacionais especiais" passará a incluir, além das crianças portadoras de deficiências, aquelas que estejam experimentando dificuldades temporárias ou permanentes na escola, as que estejam repetindo continuamente os anos escolares, as que sejam forçadas a trabalhar, as que vivem nas ruas, as que moram distantes de quaisquer escolas, as que vivem em condições de extrema pobreza ou que sejam desnutridas, as que sejam vítimas de guerra ou conflitos armados, as que sofrem de abusos contínuos físicos, emocionais e sexuais, ou as que simplesmente estão fora da escola, por qualquer motivo que seja.

O acima exposto permite-nos realizar a seguinte trajetória no pensar:

1 - até duas ou três décadas atrás, o objeto-alvo da educação especial eram as pessoas portadoras de deficiências; 


2 - neste sentido, a educação especial poderia ser considerada predominantemente em seu sentido prático, enquanto provedora de serviços a uma certa "clientela", e quase invariavelmente, em um determinado ambiente "especial" (segregado), mais propício ao respectivo "tratamento" a ser dado à sua "clientela"; 

3 - o que, por sua vez, implicava na existência de dois sistemas paralelos de educação: o regular e o especial; 

4 - dados os acontecimentos e progressão históricos de lá para cá, ou seja: o fortalecimento de ideais democráticos e seus respectivos reflexos nas formulações de políticas em diversas áreas (educacional, social, de saúde, etc) de vários países, e no planejamento e implementação das respectivas práticas (sugeridas por tais políticas ou resultantes do processo histórico em direção a princípios igualitários), a "especialidade" da educação especial (parafraseando Carvalho, em Conferência no Congresso Internacional de Educação Especial, em Curitiba, 1996) começa a ser colocada em questão; 

5 - em outras palavras, se o objeto-alvo da educação especial passou a ser tão ampliado, a insistência em sua definição em termos predominantemente associados a apenas um tipo de "clientela" não lhe permitiria mais dar conta de suas próprias tarefas; 

6 - isso, sem levar em conta que mesmo para algumas de suas tarefas tradicionais a educação especial já não vinha obtendo muito êxito em prover respostas eficazes. A esse respeito, não são poucas as pesquisas que constatam que a existência de um sistema paralelo de ensino não representa, necessariamente, uma provisão educacional de maior qualidade, muito menos garante a solução dos "problemas" encaminhados às escolas especiais; 

7 - tais conclusões são colocadas com base em dados que mostram que o nível de fracasso escolar verificado na "clientela" da educação especial é quase tão alarmante quanto o do alunado da educação regular. Estes estudos, em geral, apontam para a relatividade do conceito de "necessidades educacionais especiais", e para a necessidade de haver um ensino especializado que complemente a provisão educacional regular, fazendo, portanto, parte desta, e não constituindo-se num sistema àparte, com instituições próprias que encarecem ainda mais os serviços sem necessariamente melhorar a qualidade (ver, por exemplo: Booth, 1987; Cole, 1990; Mittler, 1993); 

8 - da mesma forma que a educação especial, a educação regular também sofre suas conseqüências: o aumento do contingente de ‘fracassados’ e excluídos apenas formaliza a constatação de sua ineficácia e amplia a obviedade da falácia dela ser um instrumento social de justiça e promoção social. Esta educação, portanto, também precisava ser revista;

9 - com isto, o que esta nova concepção, extremamente abrangente, de "necessidades educacionais especiais" provoca, é uma aproximação destes dois tipos de ensino, o regular e o especial, na medida em que esta nova definição implica que, potencialmente, todos nós possuímos ou podemos possuir, temporária ou permanentemente, "necessidades educacionais especiais". E, se assim o é, então não há porque haver dois sistemas paralelos de ensino, mas sim um sistema único, que seja capaz de prover educação para todo o seu alunado (por oposição a clientela), por mais especial que este possa ser ou estar; 

10 - não se trata, portanto, nem de acabar com um, nem de acabar com o outro sistema de ensino, mas sim de juntá-los, unificá-los num sistema que parta do mesmo princípio (de que todos os seres humanos possuem o mesmo valor, e os mesmo direitos), otimizando seus esforços e se utilizando de práticas diferenciadas, sempre que necessário, para que tais direitos sejam garantidos. É isto o que significa, na prática, incluir a educação especial na estrutura de "educação para todos", conforme mencionado na declaração de Salamanca. 

Implicações Educacionais


E o que significa este pensar, no que diz respeito à prática educacional? Em primeiro lugar, significa reconhecer que, a exemplo do que diz a Declaração de Salamanca:


• Inclusão e participação são essenciais à dignidade humana e ao gozo e exercício dos direitos humanos. No campo da educação, tal se reflete no desenvolvimento de estratégias que procuram proporcionar uma equalização genuína de oportunidades. A experiência em muitos países demonstra que a integração de crianças e jovens com necessidades educacionais especiais é mais eficazmente alcançada em escolas inclusivas que servem a todas as crianças de uma comunidade. (p.61) 

Em segundo lugar, significa entender do que se trata inclusão em educação:


 O princípio fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças deveriam aprender juntas, independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que possam ter. As escolas inclusivas devem reconhecer e responder às diversas necessidades de seus alunos, acomodando tanto estilos como ritmos diferentes de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos através de currículo apropriado, modificações organizacionais, estratégias de ensino, uso de recursos e parceiras com a comunidade (...) Dentro das escolas inclusivas, as crianças com necessidades educacionais especiais deveriam receber qualquer apoio extra que possam precisar, para que se lhes assegure uma educação efetiva (...) (op.cit., p.61) 


Em outras palavras, as implicações consistem no reconhecimento da igualdade de valores (Booth, 1981) e de direitos, e na conseqüente tomada de atitudes, em todos os níveis (político, governamental, social, comunitário, individual) que reflitam uma coerência entre o que se diz e o que se fala. A organização inglesa de pessoas portadoras de deficiência denominada Integration Alliance (Mason & Rieser, sem data, p. 41), resume claramente e de forma esquemática o que vimos discutindo até então, em especial o acima colocado sobre as diferentes concepções de integração em seus diferentes momentos históricos pré e pós Declaração de Salamanca:


 Velha Integração é.... Nova Integração é... 


. um estado . um processo

. a-problemática, abordagem profissional e . problemática, política
administrativa
. implica mudança na organização da escola . implica mudança no etos da escola
. neste conceito, os professores adquirem . neste conceito, os professores adquirem
habilidades técnicas compromisso
. neste conceito, a entrega do currículo deve . neste conceito, a entrega do currículo deve
modificar direitos legais modificar direitos morais e políticos
. aceitação e tolerância de crianças com . valorização e celebração das crianças
necessidades educacionais especiais portadoras de deficiência e com dificuldades
de aprendizagem
. normalidade . diferença
. sinônimo de que a integração pode ser oferecida . sinônimo de que a integração deve ser batalhada
Considerações Finais
Discutidos os aspectos propostos neste artigo, resta-nos considerar algumas implicações práticas do que tem sido exposto.
Em termos práticos e governamentais, a inclusão, conceitualizada conforme o exposto acima, implica na reformulação de políticas educacionais e de implementação de projetos educacionais do sentido excludente ao sentido inclusivo. Uma grande questão que geralmente se coloca sobre esse aspecto, em países, regiões ou localidades em que a educação especial já tenha tradicionalmente se instaurado como um sistema paralelo de ensino, se refere à onerosidade financeira de tal reformulação. Algumas colocações freqüentes giram em torno de ‘o que fazer com a escola "X", recentemente criada especificamente para tal?’.
Ora, parece claro que nenhum começo é fácil. Mas os esforços e investimentos demandados pelo movimento de defesa pela inclusão em educação podem, de fato, ser onerosos, apenas se vistos numa perspectiva imediatista. A longo prazo, no entanto, o investimento compensa, como sugerem alguns autores (Jones, 1983; Hadley & Wilkinson, 1995).
Transformar, por exemplo (e pode-se pensar em inúmeros exemplos), as escolas especiais atuais em centros de referência de educação especial, cujo objetivo principal seria fornecer apoio técnico e equipamentário às escolas regulares (e não mais o ensino direto dos programas educacionais), não apenas não seria tão oneroso assim, como também significaria uma saudável reformulação no imaginário a respeito da educação especial, que até hoje tem sido predominantemente confundida com escola especial.
Educação especial é muito mais do que escola especial. Como tal, sua prática não precisa (nem deve) estar limitada a um sistema paralelo de educação, e sim fazer parte da educação como um todo, acontecendo nas escolas regulares e constituindo-se em mais um sinal de qualidade em educação, quando oferecida a qualquer aluno que dela necessite, por quaisquer que sejam os motivos (internos ou externos ao indivíduo). Portanto, nos casos em que uma tradição paralela do oferecimento da educação especial ainda não esteja consolidada, concentrar esforços e investimentos na inclusão em educação já seria, de início, uma vantagem, além de demonstrar consonância com as sugestões da Declaração de Salamanca.
Finalizando, cabe ressaltar que a inclusão não é uma ameaça, nem menos uma mera questão de terminologia. Ela é uma expressão lingüística e física de um processo histórico que não se iniciou e nem terminará hoje. Na verdade, a inclusão não tem fim, se entendida dentro deste enfoque dinâmico, processual e sistêmico que procuramos levantar neste artigo. Até porque, na medida em que o mundo se move em seu curso histórico e as regras e convenções vão sendo revistas e modificadas, novos tipos de excluídos poderão sempre aparecer. Cabe, portanto, aos que possuem consciência a este respeito, manter este estado constante de vigília, para que a luta por um mundo cada vez mais justo e democrático jamais esmoreça.
Referências Bibliográficas

BOOTH, T. (1981) Demystifying Integration. In: SWANN, W. (org.) The Practice of Special Education. Oxford, Basil Blackwell/Open University Press.

BOOTH, T. (1987) The Policy and Practice of Integration. In: BOOTH, T. & POTTS, P. (orgs) Preventing Difficulties in Learning. London, Basil Blackwell.

COLE, T. (1989) Apart or a part? Integration and the Growth of the British Special Education. Milton Keynes, open University Press.
COLE, T. (1990) The History of Special Education. British Journal of Special Education, vol. 17, no. 3, pp.101-08.
HADLEY, R. & WILKINSON, H. (1995) Integration and its Future; a Case Study of Primary Education and Physical Disability. Disability and Society, vol.10, no. 3, Sept. 95, pp. 309-23.
JONES, E. (1983) Resources for Meeting Special Needs in Secondary Schools. In: BOOTH, T. & POTTS, P. (orgs) Integrating Special Education. Oxford, Basil Blackwell, chap. 9.
MASON, M. & RIESER, R. (sem data) Altogether Better: from "Special Needs" to Equality in Education. London, Comic Relief.
MITLER, P. et al (1993) Special Needs Education. London, Koogan Page.
UNESCO/Ministry of Education and Science (1994) Final Report on the World Conference on Special Needs Education: Access and Quality. Salamanca, Spain, 7-10 June 1994.
1) Artigo originado de apresentação e debate sobre o mesmo tema no Fórum Permanente de Educação e Saúde, promovido pelo Instituto Phillipe Pinel, PUC-Rio e UFRJ no segundo semestre de 1997.
2) Profa. Adjunta – Faculdade de Educação - UFRJ


O professor do AEE precisa estudar, pesquisar, observar, analisar e hipotetizar, para encontrar possíveis respostas e ensinar as crianças com NEE de forma mais prazerosa,mais lúdica,  pois todos temos habilidades já inerentes em nós. Cabe a nós descobrí-las.Elaine Eleutério 02/05/2015