sábado, 11 de julho de 2015

“FORMAS DE PENSAR E AGIR DO PROFESSOR NO COTIDIANO DAS ESCOLAS”


                          II Congresso de Práticas
Educacionais da Rede Pública de Minas Gerais

“FORMAS DE PENSAR E AGIR DO PROFESSOR NO COTIDIANO DAS ESCOLAS”

Escola: Escola Estadual “Elza de Oliveira Lage
Diretor: Denilson de Almeida Freitas
Rua: Sálvia - 170 – Chácara Madalena– Ipatinga – MG
Superintendência Regional a de Ensino de Coronel Fabriciano

O QUE PENSAM OS PROFESSORES DOS ANOS FINAIS ACERCA  DA AVALIAÇÃO DOS ALUNOS COM  NEE
Autores:
  Elaine de Almeida Eleutério
Denilson de Almeida Freitas

Foto 1 - Certificados das apresentações do texto e dos slides
INTRODUÇÃO
O presente relato de experiência apresenta os elementos que constituem a estrutura de um processo de avaliação dos alunos com necessidades educativas especiais (NEE) da escola Professora Elza de Oliveira Lage e os questionamentos sobre a prática educativa e avaliativa dos professores no que se refere ao processo de avaliação dos alunos com NEE do 6º ao 9º ano, inseridos na sala de aula regular que difere completamente da sala de recursos.
Portanto, foi preciso discutir a avaliação como um processo amplo, complexo e reflexivo através dos mecanismos que a constituem e das possibilidades de diminuir o processo de exclusão causado pela ineficiência metodológica de lhe dar com as deficiências dos alunos, em especial os alunos com Paralisia Cerebral que também apresentam diferenças substanciais dentre outras categorias.
Em relação a educação inclusiva Mantoan (2003), afirma que  
a educação inclusiva preconiza um ensino em que aprender não é um ato linear, contínuo, mas fruto de uma rede de relações que vai sendo tecida pelos aprendizes, em ambientes escolares que não discriminam, que não rotulam e que oferecem chances de sucesso para todos, dentro dos interesses, habilidades e possibilidades de cada um.

 Mesmo diante um trabalho pedagógico inclusivo desenvolvido desde os anos iniciais, o fato é que os alunos passaram a chegar ao 6º ano sem as habilidades referentes à leitura e escrita com defasagem dos anos anteriores ou sem a manifestação de outras habilidades que apresentavam e a escola não as percebia.
 A meta da escola é garantir o acesso e a permanência com sucesso dos alunos com deficiência mesmo diante das implicações referentes ao currículo básico comum. Assim, todo o coletivo da escola precisou repensar sua prática educativa e avaliativa, o que não foi fácil.
A proposta da ressignificação dos instrumentos de avaliação propiciou uma intervenção e contribuição da equipe do AEE, dos professores de apoio na perspectiva de valorizar as potencialidades de cada aluno no intuito de elevar sua auto-estima e assim garantir a conclusão do ensino fundamental.
Neste caso, o foco de toda a nossa atenção nesse estudo foram os alunos com NEE inseridos no ensino regular do 6º ao 9º ano e a prática avaliativa. E, através de muitos questionamentos foi consensual por parte de todos os docentes a necessidade de rever e atualizar os conceitos e as práticas avaliativas tradicionais, normativas, padronizadas e classificatórias.

DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA
    A inclusão, uma realidade na Escola Elza, é abordada e questionada no espaço educacional com seriedade e responsabilidade. O enfrentamento da ruptura de uma escola regular comum para uma instituição inclusiva por parte dos docentes foi considerada normal para a equipe diretiva e a equipe do AEE.
A princípio foi necessário um trabalho de sensibilização, conscientização e de conhecimento das legislações vigentes nacionais e internacionais. Acolher e preparar alunos com deficiência para que tenham condições de desenvolver suas habilidades funcionais com autonomia é um dos fatores principais da Inclusão, quiçá o principal.
  Neste caso, a leitura da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) 9.394/96 esclarece que a avaliação deve ser vista como um recurso para auxiliar o professor em sua prática educativa, prevalecendo à qualidade da avaliação sobre a quantidade. Entretanto no que concerne a avaliação, mesmo com as mudanças que tem se sido feito na escola ainda há muito que avançar. 
Todavia, a desqualificação dos profissionais que atuavam com alunos com necessidades especiais e a ineficiência de estrutura física da escola foram fatores preponderantes que podia barrar sucesso na aprendizagem do aluno com NEE. Diante da problemática supracitada, a escola precisou buscar estratégias, métodos, alternativas para romper com o tradicional para um ensino que atenda a todos na escola na busca da igualdade e da equidade.
Por isso, a ideia de que a avaliação é medida através dos desempenhos quantitativos dos alunos está fortemente enraizada no imaginário dos educadores e dos aprendizes.
A Declaração de Salamanca  na Espanha (1994) se apóia na Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU, 1948) explicita a compreensão de que todas as escolas deveriam acomodar todas as crianças independentemente de qualquer
condição e ainda enfatiza que a escola tem de encontrar maneiras de educar com êxito todas as crianças, inclusive aquelas com deficiências graves.
 O professor aos poucos percebeu que era necessário rever sua prática para adequar a metodologia a ser usada e não ter receio de mudar quando for necessário. O propósito era de construir caminhos para a remoção de barreiras na aprendizagem a partir da reflexão sobre os objetivos da prática avaliativa.
Após diversas leituras e estudos foi possível identificar como temáticas principais: sentidos e imaginários do professor sobre as deficiências e suas especificidades, formação do professor para efetivação do processo de inclusão, bem como a utilização de estratégias pedagógicas diferenciadas. .
Os encontros de capacitação foram ministrados pela equipe do AEE e o diretor da escola juntamente com a equipe pedagógica. Além das capacitações promovidas pela escola, 90% dos professores fizeram o curso do AEE Virtual pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC, Minas).
Nos encontros com os professores foram utilizadas estratégias gerais, destaca-se o preenchimento de questionários para relatarem suas dúvidas e angústias. Um dos questionamentos foi: Quais aspectos relevantes o professor de disciplina deverá avaliar no processo de aprendizagem dos alunos com NEE?
Como atribuir notas referentes ao desempenho escolar quando os avanços dos alunos são atitudinais, como no caso de alguns, ou seja, o que irá constituir o repertório comportamental que lhes permite interagir com os demais e participar das atividades de convivência social e esportiva ou, ainda, entre outros aspectos não identificados rotineiramente como acadêmicos?
A partir deste diagnóstico as capacitações em serviço foram ministradas através de palestras expositivas, debates e oficinas específicas pedagógicas inclusivas como: como elaborar o Plano de desenvolvimento individual (PDI), relatórios circunstanciados, avaliação diagnósticas dos alunos com NEE, adaptação de provas e a construção de instrumentos avaliatórios, dentre outros.

                                   
Fotos 2 - apresentação do texto para outras escolas do Estado/MG
REFLEXÕES SOBRE O TRABALHO
 Vasconcellos (2003) faz o seguinte alerta:
 mudar o paradigma da avaliação não significa ficar em dúvida se “devo reprovar ou dar uma ’empurradinha”, qualquer uma dessas posturas é cruelmente excludente, pois é preciso descobrir as condições de aprendizagem de cada aluno e, além disso, “não parar para atender ao aluno e suas necessidades é um autêntico suicídio pedagógico” (p. 54, 58, 77).
De acordo com o teórico acima é preciso sempre relembrar que as provas não podem ser de forma alguma classificatória, “cada um tem seu tempo, seu estilo e ritmo para que ocorra a aprendizagem epistemológica” e que existe outros instrumentos de avaliação.
A avaliação propriamente dita não é o único ponto de partida, no entanto, através das diversas formas de avaliar os alunos com NEE os professores puderam perceber os avanços dos alunos e da prática também deles. Assim, o processo de avaliação ocorre de maneira efetiva, favorece o desenvolvimento do trabalho com qualidade. A avaliação jamais pode ser considerada como reta final e sim como ponto de reflexão, de retomada do processo ensino aprendizagem.
Portanto, os docentes da E. E. “Professora Elza de Oliveira Lage” relatam que as parcerias ocorrem em seu dia a dia naturalmente e são fundamentais no alcance do sucesso educativo. Essas acontecem com o apoio dos colegas que apresentam comprometimento, dedicação, entendimento e aceitabilidade. Nessa perspectiva, os docentes são corresponsáveis, buscam despertar no educando o desejo de mudança.
Sobre a ótica da inclusão os professores perceberam que o aluno com necessidades especiais não é visto como responsabilidade unicamente como professor do AEE ou do professor de apoio, nem apenas do professor de cada disciplina e sim de todos os participantes do processo educacional.
E assim a escola aos poucos desenha sua prática inclusiva no que tange, á formação do professor, às adaptações curriculares, salas de recursos com tecnologia assistiva e ou alternativa e a acessibilidade.
Vários empecilhos ainda vão surgir e há muito para aprender, outros já foram vencidos. No entanto, melhorar nossa prática pedagógica é necessário, o jeito de olhar para cada aluno, cada colega de trabalho, etc. Hoje os professores da escola Elza estão mais preparados para enfrentar os desafios e os paradigmas da inclusão.

REFERÊNCIAS
CÔRREA, R.  e PIMENTEL, Maria Auxiliadora M. A avaliação educacional diagnóstica e as práticas curriculares.
MANTOAN, M.T.E. Inclusão escolar: o que é? Porque? Como fazer? São Paulo: Moderna, 2003.
Declaração de Salamanca. "Sobre princípios, política e práticas nas áreas das NEE. Espanha, 7 a 10 de junho de 1994.
Secretaria Municipal de Educação. Referencial sobre avaliação da aprendizagem de alunos com necessidades educacionais especiais /– São Paulo : SME / DOT, 2007.

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN/96), bem como a Resolução n.º 02, de 2001.

 Foto 3 - Apresentação dos Slides das práticas inclusivas.
Foto 4
"A grande ciência da vida é aprender a recomeçar. Recomeçar com confiança e entusiasmo." (Lições de Dorina Gouveia Nowill - Para quem quer ver além)

Foto 5- Apresentação do diretor Denilson

                         Foto 6 - apresentação da professora de  AEE Elaine                                
"Mestre na arte da vida faz pouca
distinção entre o seu trabalho e o seu lazer, entre a sua mente e o seu corpo, entre a sua educação e a sua recreação, entre o seu amor e a sua religião. Ele dificilmente sabe distinguir um corpo do outro. Ele simplesmente persegue sua visão de excelência em tudo que faz, deixando para os outros a decisão de saber se está trabalhando ou se divertindo. Ele acha que está sempre fazendo as duas coisas simultaneamente." Zen-Budista

                                 
      Fotos tiradas em outubro de 2013  no II Congresso de Práticas Educacionais da Rede Pública de Minas Gerais


Elaine de Almeida Eleutério/12/07/15